quinta-feira, 30 de abril de 2015


PATERNIDADE E MATERNIDADE RESPONSÁVEIS

 

Neste mundo  nada nos torna necessários, a não ser o amor”. GOETHE

 

            Questões como: que importância tem um filho, que significa uma nova vida para a humanidade, quantos filhos é possível criar com dignidade e a qualidade ou qual o espaço necessário para educá-los, são extremamente fundamentais para quem deseja gerar filhos. Gerar filhos é uma decisão seríssima que envolve as áreas mais profundas do ser humano. Necessita, acima de tudo, estar fundamentada no amor e no respeito. O casal necessita gerar os filhos com responsabilidade, nos diversos sentidos da vida, educá-los cristã e humanamente, avaliar suas condições econômicas para sustentá-los.

            Portanto, paternidade responsável significa gerar filhos e filhas que se tem condições de gerar e que se deseja gerar, levando-se em consideração os deveres do casal com Deus, consigo mesmo, com a família e para com a sociedade, proporcionando uma perspectiva igualitária, solidária, cooperativa, onde pai, mãe e filhos, compartilhem direitos, privilégios e responsabilidades.

            O projeto dos filhos contém não somente a aceitação de sua chegada, mas compromissos e empenhos a fim de dar-lhes o necessário para a sobrevivência e a maneira mais adequada para educá-los com carinho, compromisso, liberdade e responsabilidade, pois os filhos, precisam ser vistos como expressão de amor, como sinal do amor conjugal do casal. Assim,

“Faz parte da vocação do casal a paternidade e a maternidade. Ninguém é pai ou mãe apenas biologicamente. Homem e mulher se preparam para a chegada do filhos ( e das filhas ). Experimentam visivelmente uma transformação com sua chegada. Percebem que sua comunidade de amor e de vida se dilata. Geram não somente o corpo da uma criança, mas um ser de liberdade, inteligência, afeto. Este filho é o desdobramento do mistério da criança: é criado à imagem e semelhança de Deus e membro resgatado pelo sangue e pela ressurreição de Jesus”.[1]

            Segundo Pedro Cometti ( 1990 ), os pais são chamados a gerar filhos duas vezes: pela concepção e pela educação. Pressupondo desta forma, que a educação dos filhos é a máxima responsabilidade dos pais, dela não podem se desfazer delegando a educação à igreja, ao estado, à escola. Por direito e dever natural, a educação dos filhos cabe, em primeiro lugar, aos pais. Mas, quais são as possibilidades e dificuldades para a educação dos filhos?[2]

            Não se pode, sob nenhuma hipótese, deixar de se reconhecer que a educação dos filhos é bastante difícil devido às condições sociais e culturais da modernidade. Dentro deste quadro, podemos enumerar algumas dificuldades: em primeiro lugar, os filhos saem mais cedo do convívio da família, levando pais e filhos a viverem em mundos diversos, rompendo o elo educativo entre eles, ainda que se encontrem, todos os dias, sob o mesmo teto. Segundo, hoje a sociedade está organizada em função da produção e do consumo, que avalia a pessoa em função daquilo que sabe fazer e da sua capacidade de se inserir no sistema de produção, em detrimento do que ela é, dos seus valores interiores, sua bondade e inteligência. Infelizmente, a escola está se unindo, alinhando-se a esta cultura, eliminando as matérias que não servirão para inserir as pessoas neste mundo de produção.

            Por último, a sociedade moderna é o sentido provisório das coisas. Nada mais existe de estável, de certo. Tudo é descartável. O ser humano não vive mais no nível profundo do seu ser, mas no nível superficial do seu agir.

            No entanto, sob pena de traírem os próprios filhos, é essencial que os pais eduquem seus filhos em qualquer contexto social, num processo educativo global, envolvendo todos os setores da personalidade.

            A partir deste prisma, é importante que os pais eduquem seus filhos com o seu ser, ou seja, possam exercer sua educação através do contato, não somente o que fazer ou dizer, apesar de importantíssimo, mas, com exemplos daquilo que são.

            É indispensável que os pais dialoguem com os filhos, pois o diálogo constituí-se no grande segredo educativo, sendo a resposta a uma necessidade fundamental do homem. Porém, o diálogo não pode ser improvisado, é de suma importância que os filhos cresçam num clima permanente de diálogo. A transmissão de valores deve estar presente na paternidade e na maternidade responsáveis. Por isso, só será possível, se o casal os possuir e os mostrar na sua vida cotidiana, importando muito mais a vida do que os sermões.

            Não menos importante é o comportamento do casal no sentido de ter uma atitude coerente em relação ao discurso (coerência e não perfeição ) para que os filhos se sintam compreendidos e amados. Não é bom e saudável satisfazer os filhos, necessário é dar-lhes um amor verdadeiro, estimulando-os amar a Deus e aos outros, educá-los a partir das virtudes humanas, desenvolvendo uma formação pautada na reflexão, na força de vontade, na liberdade, na afetividade, no diálogo e na gratidão.

            No ponto de vista religioso, é necessário encaminhá-los não somente à prática da religião, mas a terem um relacionamento pessoal com Deus, de filhos para com o Pai.

“A verdade é que pais e mães não se improvisam. Conscientes das responsabilidades que lhes trás a chegada do filho, é preciso que se preparem para quem é esta, na verdade, a mais antiga e mais complexa profissão do mundo, a de pai e mãe, a fim de não comprometer de maneira irrecuperável o sucesso da missão.[3]

            Sendo assim, é preciso que o casal conheça ou estabeleça um planejamento, baseado em direitos e deveres, para um melhor desenvolvimento da estrutura familiar após a chegada dos filhos:

Direitos:

- Amar;

- Realizar-se como pessoas;

- Realizar-se profissionalmente;

- Estar em constante desenvolvimento.

Deveres:

- Cuidar dos filhos;

- Amá-los;

- Favorecer seu desenvolvimento físico, intelectual, moral e religioso.[4]

            É evidente, que poder-se - ia acrescentar outros direitos e deveres, no entanto, os já aqui colocados são de extrema relevância, pois, possibilitam, mesmo diante das adversidades, necessidades e dificuldades de toda a sorte, perspectivas de uma vida saudável, feliz, onde todos possam desenvolver seus ideais e projetos de vida e colaborar para uma equilibrada harmonia familiar.

 

pastorlugon@hotmail.com


[1] CNBB. Casamento & Ternura & Desafio.  Vozes, Petrópolis, 1995, pág. 100.
[2] COMETTI, Pedro. Família Hoje: Pensamentos de otimismo. São Paulo, Paulinas, 1990, pág. 45
[3] Gonçalves, Tida Lima. A Família Desafiada. São Paulo Paulos, 1994, pág. 156.
[4] SANTOS, Beni dos. Matrimônio e Família. São Paulo, Paulos, pág. 46
 

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