PATERNIDADE E MATERNIDADE
RESPONSÁVEIS
Neste
mundo nada nos torna necessários, a não
ser o amor”. GOETHE
Questões
como: que importância tem um filho, que significa uma nova vida para a
humanidade, quantos filhos é possível criar com dignidade e a qualidade ou qual
o espaço necessário para educá-los, são extremamente fundamentais para quem
deseja gerar filhos. Gerar filhos é uma decisão seríssima que envolve as áreas
mais profundas do ser humano. Necessita, acima de tudo, estar fundamentada no
amor e no respeito. O casal necessita gerar os filhos com responsabilidade, nos
diversos sentidos da vida, educá-los cristã e humanamente, avaliar suas
condições econômicas para sustentá-los.
Portanto, paternidade
responsável significa gerar filhos e filhas que se tem condições de gerar e que
se deseja gerar, levando-se em consideração os deveres do casal com Deus,
consigo mesmo, com a família e para com a sociedade, proporcionando uma
perspectiva igualitária, solidária, cooperativa, onde pai, mãe e filhos, compartilhem
direitos, privilégios e responsabilidades.
O projeto dos filhos
contém não somente a aceitação de sua chegada, mas compromissos e empenhos a
fim de dar-lhes o necessário para a sobrevivência e a maneira mais adequada
para educá-los com carinho, compromisso, liberdade e responsabilidade, pois os
filhos, precisam ser vistos como expressão de amor, como sinal do amor conjugal
do casal. Assim,
“Faz
parte da vocação do casal a paternidade e a maternidade. Ninguém é pai ou mãe
apenas biologicamente. Homem e mulher se preparam para a chegada do filhos ( e
das filhas ). Experimentam visivelmente uma transformação com sua chegada.
Percebem que sua comunidade de amor e de vida se dilata. Geram não somente o
corpo da uma criança, mas um ser de liberdade, inteligência, afeto. Este filho
é o desdobramento do mistério da criança: é criado à imagem e semelhança de
Deus e membro resgatado pelo sangue e pela ressurreição de Jesus”.[1]
Segundo
Pedro Cometti ( 1990 ), os pais são chamados a gerar filhos duas vezes: pela
concepção e pela educação. Pressupondo desta forma, que a educação dos filhos é
a máxima responsabilidade dos pais, dela não podem se desfazer delegando a
educação à igreja, ao estado, à escola. Por direito e dever natural, a educação
dos filhos cabe, em primeiro lugar, aos pais. Mas, quais são as possibilidades
e dificuldades para a educação dos filhos?[2]
Não se pode, sob
nenhuma hipótese, deixar de se reconhecer que a educação dos filhos é bastante
difícil devido às condições sociais e culturais da modernidade. Dentro deste
quadro, podemos enumerar algumas dificuldades: em primeiro lugar, os filhos
saem mais cedo do convívio da família, levando pais e filhos a viverem em
mundos diversos, rompendo o elo educativo entre eles, ainda que se encontrem,
todos os dias, sob o mesmo teto. Segundo, hoje a sociedade está organizada em
função da produção e do consumo, que avalia a pessoa em função daquilo que sabe
fazer e da sua capacidade de se inserir no sistema de produção, em detrimento
do que ela é, dos seus valores interiores, sua bondade e inteligência.
Infelizmente, a escola está se unindo, alinhando-se a esta cultura, eliminando
as matérias que não servirão para inserir as pessoas neste mundo de produção.
Por último, a
sociedade moderna é o sentido provisório das coisas. Nada mais existe de
estável, de certo. Tudo é descartável. O ser humano não vive mais no nível
profundo do seu ser, mas no nível superficial do seu agir.
No
entanto, sob pena de traírem os próprios filhos, é essencial que os pais
eduquem seus filhos em qualquer contexto social, num processo educativo global,
envolvendo todos os setores da personalidade.
A partir deste prisma,
é importante que os pais eduquem seus filhos com o seu ser, ou seja, possam
exercer sua educação através do contato, não somente o que fazer ou dizer,
apesar de importantíssimo, mas, com exemplos daquilo que são.
É indispensável que os
pais dialoguem com os filhos, pois o diálogo constituí-se no grande segredo
educativo, sendo a resposta a uma necessidade fundamental do homem. Porém, o
diálogo não pode ser improvisado, é de suma importância que os filhos cresçam
num clima permanente de diálogo. A transmissão de valores deve estar presente
na paternidade e na maternidade responsáveis. Por isso, só será possível, se o
casal os possuir e os mostrar na sua vida cotidiana, importando muito mais a
vida do que os sermões.
Não menos importante é
o comportamento do casal no sentido de ter uma atitude coerente em relação ao
discurso (coerência e não perfeição ) para que os filhos se sintam
compreendidos e amados. Não é bom e saudável satisfazer os filhos, necessário é
dar-lhes um amor verdadeiro, estimulando-os amar a Deus e aos outros, educá-los
a partir das virtudes humanas, desenvolvendo uma formação pautada na reflexão,
na força de vontade, na liberdade, na afetividade, no diálogo e na gratidão.
No ponto de vista
religioso, é necessário encaminhá-los não somente à prática da religião, mas a
terem um relacionamento pessoal com Deus, de filhos para com o Pai.
“A
verdade é que pais e mães não se improvisam. Conscientes das responsabilidades
que lhes trás a chegada do filho, é preciso que se preparem para quem é esta,
na verdade, a mais antiga e mais complexa profissão do mundo, a de pai e mãe, a
fim de não comprometer de maneira irrecuperável o sucesso da missão.[3]
Sendo assim, é preciso
que o casal conheça ou estabeleça um planejamento, baseado em direitos e
deveres, para um melhor desenvolvimento da estrutura familiar após a chegada
dos filhos:
Direitos:
- Amar;
- Realizar-se como pessoas;
- Realizar-se
profissionalmente;
- Estar em constante
desenvolvimento.
Deveres:
- Cuidar dos filhos;
- Amá-los;
- Favorecer seu desenvolvimento
físico, intelectual, moral e religioso.[4]
É evidente, que
poder-se - ia acrescentar outros direitos e deveres, no entanto, os já aqui
colocados são de extrema relevância, pois, possibilitam, mesmo diante das
adversidades, necessidades e dificuldades de toda a sorte, perspectivas de uma
vida saudável, feliz, onde todos possam desenvolver seus ideais e projetos de
vida e colaborar para uma equilibrada harmonia familiar.
pastorlugon@hotmail.com
[1] CNBB. Casamento & Ternura & Desafio. Vozes, Petrópolis, 1995, pág. 100.
[2] COMETTI, Pedro. Família Hoje: Pensamentos de otimismo. São Paulo,
Paulinas, 1990, pág. 45
[3] Gonçalves, Tida Lima. A Família Desafiada. São Paulo Paulos, 1994,
pág. 156.
Nenhum comentário:
Postar um comentário