domingo, 26 de junho de 2016


  1. MASSA DE MANOBRA
"É fácil entender um pensamento no mundo fictício, vou chamar esse mundo de "Planeta dos Macacos".
No Planeta dos macacos existem imperadores que reinam a centenas de anos, cada imperador impera sob a sua área específica, às vezes os imperadores se reunem e convidam a todos, por outras vezes reunem-se apenas entre eles.
Na maioria das vezes que os imperadores se reunem com outras pessoas, não aquelas que são seus súditos, as decisões já foram tomadas e requerem apenas que as "outras pessoas" assinem em baixo (às vezes basta balançar a cabeça). A essas outras pessoas os imperadores chamam de MASSA DE MANOBRA.
O conceito é de Pierre Bourdieu, e se refere a uma sociedade conduzida por uma ideologia dominante, se anulando enquanto ser protagonista. Essas pessoas sequer perceberam pois não são tratadas como MASSA DE MANOBRA.
A quem realmente interessa fazer com que o proletário, que conseguiu chegar ao suposto "poder", seja destituido dele?
Fácil entender, os imperadores sentem o risco de serem igualitários aos que hoje são "outras pessoas", então se juntam a elas e vendem uma falsa idéia de razoabilidade através de ameaças infundadas para fazê-las pensar que os imperadores tem razão. Lá vão as "outras pessoas" de novo serem MASSA DE MANOBRA.
A diferença é que as minorias estão passando a ter representatividade, e isso incomoda a quem impera já há anos. A minoria têm força, mas não pode se deixar tratar como MASSA DE MANOBRA!"

Admirável Gado Novo
A música Admirável Gado Novo (Vida de gado) do Zé Ramalho explicita bem esse ponto de vista:
Eh, ôô, vida de gado, povo marcado, ê, povo feliz.
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar sua coragem
A margem do que possa aparecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem, lhe comer.
Lá fora faz um tempo confortável
À vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou
O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores, tempos idos
Contemplam essa vida, com a cela.
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo, se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar.
"acordamassademanobra"

quinta-feira, 31 de março de 2016


  1. Filipenses 4.8-9 

O desejo do Senhor é que sejamos transformados. Mas a nossa alma precisa ser restaurada. Nosso Espírito se expressa através da nossa personalidade, dos nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas atitudes, nosso corpo. E se não pusermos nossa mente em linha com a Palavra de Deus, bem como nossas emoções, nossa vontade e nosso corpo, a vida do Espírito dentro de nós será sufocada. Mas o propósito de Deus é que o inimigo permaneça do lado de fora. Chegou a hora de erradicarmos essas obras malignas, que Paulo chama de “obras da carne”. Se não tem havido mudanças em sua vida espiritual, algo está errado. Quem nasce precisa crescer, desenvolver-se e caminhar, progressivamente, rumo à maturidade. Por isso, estamos considerando a situação da mente, a sede da alma. A mente, ou pensamento ou intelecto, como já vimos no estudo anterior é algo muito importante, extraordinário. Deus deu ao ser humano uma capacidade de pensar, raciocinar, refletir, criar, etc. No entanto, apesar de tantas invenções maravilhosas, que trouxeram grandes avanços, ela também, a mente, sem Deus, tornou-se uma arma mortífera! Essas são as marcas da mente do ser humano, criando o bem e criando o mal. A mente deve ser conquistada até que cada pensamento seu seja sujeito à obediência de Cristo Jesus. Ou seja, até que cada idéia, pensamento ou raciocínio esteja em perfeita harmonia com a Palavra de Deus. O comando da Palavra é claro: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma. De todo o teu entendimento e de todas as tuas forças” ( Mc 12.30). Uma mente carnal é uma mente baseada na carne, nos sentidos. “A inclinação da carne é a morte” ( Rm 8.6). Nossa mente poder ser inclinada para a carne ou para o Espírito. Inclinar-se para a carne significa ser dominado/a pelo reino dos sentidos, isto é, o que se ouve, o que se vê e o que se sente. Inclinar-se para o Espírito quer dizer pensar nas coisas de Deus, na sua Palavra. Ser carnal é agir de acordo com os próprios pensamentos, o próprio raciocínio, tomar decisões baseadas na vontade própria alheia a Deus, seguir seu próprio caminho. Essa postura é contradiz o que nos ensina o Senhor! 
O CARÁTER DO CRISTÃO – HUMILDADE
De John Stott
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus  ( Mateus 5.3)
O Velho Testamento fornece os antecedentes necessários para a interpretação desta bem-aventurança. No princípio, ser “pobre” significava passar necessidades literalmente materiais. Mas, gradualmente, porque os necessitados não tinham outro refúgio a não ser Deus (Sf 3.12), a “pobreza” recebeu nuances espirituais e passou a ser identificada como uma humilde dependência de Deus.
Por isso o salmista intitulou-se “este aflito” que clamou a Deus em sua necessidade, “e o Senhor o ouviu, e o livrou de todas as suas tribulações” (Sl 134.6). O “aflito” (homem pobre) no Velho Testamento é aquele que está sofrendo e não tem capacidade de salvar-se por si mesmo e que, por isso, busca a salvação de Deus, reconhecendo que não tem direito à mesma. “O caráter do cristão – humildade”
Esta espécie de pobreza espiritual foi especialmente elogiada em Isaías. São “os aflitos e necessitados”, que “buscam águas, e não as há”, cuja “língua se seca de sede”, aos quais Deus promete abrir “rios nos altos desnudos, fontes no meio dos vales”e tornar “o deserto em açudes de águas, e a terra seca em mananciais” (Is 41.17,18).
“pobre” também foi descrito como “o contrito e abatido de espírito”, para quem Deus olha (embora seja “o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo”), e com quem se deleita em habitar (Is 57.15; 66.l,2). É para esse que o ungido do Senhor proclamaria as boas novas da salvação, uma profecia que Jesus conscientemente cumpriu na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, para pregar boas-novas aos quebrantados” (Is 61.1; Lc 4.18; cf. Mt 11.5.). “O caráter do cristão – humildade”
Mais ainda, os ricos inclinavam-se a transigir com o paganismo que os rodeava; eram os pobres que permaneciam fiéis a Deus. Por isso, a riqueza e o mundanismo, bem como a pobreza e a piedade, andavam juntas. Assim, ser “humilde (pobre) de espírito” é reconhecer nossa pobreza espiritual ou, falando claramente, a nossa falência espiritual diante de Deus, pois somos pecadores, sob a santa ira de Deus, e nada merecemos além do juízo de Deus. Nada temos a oferecer, nada a reivindicar, nada com que comprar o favor dos céus.
Nada em minhas mãos eu tragoSimplesmente à tua cruz me apego
Nu, espero que me vistas
Desamparado, aguardo a tua graça
Mau, à tua fonte corro
Lava-me, Salvador, ou morro
Esta é a linguagem do pobre (humilde) de espírito. Nosso lugar é ao lado do publicano da parábola de Jesus, clamando com os olhos baixos: “Deus, tem misericórdia de mim, pecador!”. “O caráter do cristão – humildade”
Como Calvino escreveu: “Só aquele que, em si mesmo, foi reduzido a nada, e repousa na misericórdia de Deus, é pobre de espírito”. Esses, e tão somente esses, recebem o reino de Deus. Pois o reino de Deus que produz salvação é um dom tão absolutamente de graça quanto imerecido. Tem de ser aceito com a dependente humildade de uma criancinha.
Assim, bem no começo do Sermão do Monte, Jesus contradisse todos os juízos humanos e todas as expectativas nacionalistas do reino de Deus. O reino é concedido ao pobre, não ao rico; ao frágil, não ao poderoso; às criancinhas bastante humildes para aceitá-lo, não aos soldados que se vangloriam de poder obtê-lo através de sua própria bravura. “O caráter do cristão – humildade”
Nos tempos de nosso Senhor, quem entrou no reino não foram os fariseus, que se consideravam ricos, tão ricos em méritos que agradeciam a Deus por seus predicados: nem os zelotes, que sonhavam com o estabelecimento do reino com sangue e espada; mas foram os publicanos e as prostitutas, o refugo da sociedade humana, que sabiam que eram tão pobres que nada tinham para oferecer
nem para receber. Tudo o que podiam fazer era clamar pela misericórdia de Deus; ele ouviu o seu clamor. 
Talvez o melhor exemplo desta mesma verdade seja a igreja nominal de Laodicéia, à qual João recebeu ordem de enviar uma carta do Cristo glorificado. Ele citou as complacentes palavras dela, e acrescentou o seu próprio comentário: “Pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de cousa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (Ap 3.17). “O caráter do cristão – humildade”
Esta igreja visível, apesar de toda a sua profissão cristã, não era de modo algum verdadeiramente cristã. Auto-satisfeita e superficial, era composta (de acordo com Jesus) de cegos e mendigos nus. Mas a tragédia era que não o admitiam. Eram ricos, não pobres, de espírito.
Ainda hoje, a condição indispensável para se receber o reino de Deus é o reconhecimento de nossa pobreza espiritual. Deus continua despedindo vazios os ricos (Lc 1.53).
Como disse C. H. Spurgeon: “Para subirmos no reino é preciso rebaixarmo-nos em nós mesmos”.