quinta-feira, 31 de março de 2016


  1. Filipenses 4.8-9 

O desejo do Senhor é que sejamos transformados. Mas a nossa alma precisa ser restaurada. Nosso Espírito se expressa através da nossa personalidade, dos nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas atitudes, nosso corpo. E se não pusermos nossa mente em linha com a Palavra de Deus, bem como nossas emoções, nossa vontade e nosso corpo, a vida do Espírito dentro de nós será sufocada. Mas o propósito de Deus é que o inimigo permaneça do lado de fora. Chegou a hora de erradicarmos essas obras malignas, que Paulo chama de “obras da carne”. Se não tem havido mudanças em sua vida espiritual, algo está errado. Quem nasce precisa crescer, desenvolver-se e caminhar, progressivamente, rumo à maturidade. Por isso, estamos considerando a situação da mente, a sede da alma. A mente, ou pensamento ou intelecto, como já vimos no estudo anterior é algo muito importante, extraordinário. Deus deu ao ser humano uma capacidade de pensar, raciocinar, refletir, criar, etc. No entanto, apesar de tantas invenções maravilhosas, que trouxeram grandes avanços, ela também, a mente, sem Deus, tornou-se uma arma mortífera! Essas são as marcas da mente do ser humano, criando o bem e criando o mal. A mente deve ser conquistada até que cada pensamento seu seja sujeito à obediência de Cristo Jesus. Ou seja, até que cada idéia, pensamento ou raciocínio esteja em perfeita harmonia com a Palavra de Deus. O comando da Palavra é claro: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma. De todo o teu entendimento e de todas as tuas forças” ( Mc 12.30). Uma mente carnal é uma mente baseada na carne, nos sentidos. “A inclinação da carne é a morte” ( Rm 8.6). Nossa mente poder ser inclinada para a carne ou para o Espírito. Inclinar-se para a carne significa ser dominado/a pelo reino dos sentidos, isto é, o que se ouve, o que se vê e o que se sente. Inclinar-se para o Espírito quer dizer pensar nas coisas de Deus, na sua Palavra. Ser carnal é agir de acordo com os próprios pensamentos, o próprio raciocínio, tomar decisões baseadas na vontade própria alheia a Deus, seguir seu próprio caminho. Essa postura é contradiz o que nos ensina o Senhor! 
O CARÁTER DO CRISTÃO – HUMILDADE
De John Stott
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus  ( Mateus 5.3)
O Velho Testamento fornece os antecedentes necessários para a interpretação desta bem-aventurança. No princípio, ser “pobre” significava passar necessidades literalmente materiais. Mas, gradualmente, porque os necessitados não tinham outro refúgio a não ser Deus (Sf 3.12), a “pobreza” recebeu nuances espirituais e passou a ser identificada como uma humilde dependência de Deus.
Por isso o salmista intitulou-se “este aflito” que clamou a Deus em sua necessidade, “e o Senhor o ouviu, e o livrou de todas as suas tribulações” (Sl 134.6). O “aflito” (homem pobre) no Velho Testamento é aquele que está sofrendo e não tem capacidade de salvar-se por si mesmo e que, por isso, busca a salvação de Deus, reconhecendo que não tem direito à mesma. “O caráter do cristão – humildade”
Esta espécie de pobreza espiritual foi especialmente elogiada em Isaías. São “os aflitos e necessitados”, que “buscam águas, e não as há”, cuja “língua se seca de sede”, aos quais Deus promete abrir “rios nos altos desnudos, fontes no meio dos vales”e tornar “o deserto em açudes de águas, e a terra seca em mananciais” (Is 41.17,18).
“pobre” também foi descrito como “o contrito e abatido de espírito”, para quem Deus olha (embora seja “o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo”), e com quem se deleita em habitar (Is 57.15; 66.l,2). É para esse que o ungido do Senhor proclamaria as boas novas da salvação, uma profecia que Jesus conscientemente cumpriu na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, para pregar boas-novas aos quebrantados” (Is 61.1; Lc 4.18; cf. Mt 11.5.). “O caráter do cristão – humildade”
Mais ainda, os ricos inclinavam-se a transigir com o paganismo que os rodeava; eram os pobres que permaneciam fiéis a Deus. Por isso, a riqueza e o mundanismo, bem como a pobreza e a piedade, andavam juntas. Assim, ser “humilde (pobre) de espírito” é reconhecer nossa pobreza espiritual ou, falando claramente, a nossa falência espiritual diante de Deus, pois somos pecadores, sob a santa ira de Deus, e nada merecemos além do juízo de Deus. Nada temos a oferecer, nada a reivindicar, nada com que comprar o favor dos céus.
Nada em minhas mãos eu tragoSimplesmente à tua cruz me apego
Nu, espero que me vistas
Desamparado, aguardo a tua graça
Mau, à tua fonte corro
Lava-me, Salvador, ou morro
Esta é a linguagem do pobre (humilde) de espírito. Nosso lugar é ao lado do publicano da parábola de Jesus, clamando com os olhos baixos: “Deus, tem misericórdia de mim, pecador!”. “O caráter do cristão – humildade”
Como Calvino escreveu: “Só aquele que, em si mesmo, foi reduzido a nada, e repousa na misericórdia de Deus, é pobre de espírito”. Esses, e tão somente esses, recebem o reino de Deus. Pois o reino de Deus que produz salvação é um dom tão absolutamente de graça quanto imerecido. Tem de ser aceito com a dependente humildade de uma criancinha.
Assim, bem no começo do Sermão do Monte, Jesus contradisse todos os juízos humanos e todas as expectativas nacionalistas do reino de Deus. O reino é concedido ao pobre, não ao rico; ao frágil, não ao poderoso; às criancinhas bastante humildes para aceitá-lo, não aos soldados que se vangloriam de poder obtê-lo através de sua própria bravura. “O caráter do cristão – humildade”
Nos tempos de nosso Senhor, quem entrou no reino não foram os fariseus, que se consideravam ricos, tão ricos em méritos que agradeciam a Deus por seus predicados: nem os zelotes, que sonhavam com o estabelecimento do reino com sangue e espada; mas foram os publicanos e as prostitutas, o refugo da sociedade humana, que sabiam que eram tão pobres que nada tinham para oferecer
nem para receber. Tudo o que podiam fazer era clamar pela misericórdia de Deus; ele ouviu o seu clamor. 
Talvez o melhor exemplo desta mesma verdade seja a igreja nominal de Laodicéia, à qual João recebeu ordem de enviar uma carta do Cristo glorificado. Ele citou as complacentes palavras dela, e acrescentou o seu próprio comentário: “Pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de cousa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (Ap 3.17). “O caráter do cristão – humildade”
Esta igreja visível, apesar de toda a sua profissão cristã, não era de modo algum verdadeiramente cristã. Auto-satisfeita e superficial, era composta (de acordo com Jesus) de cegos e mendigos nus. Mas a tragédia era que não o admitiam. Eram ricos, não pobres, de espírito.
Ainda hoje, a condição indispensável para se receber o reino de Deus é o reconhecimento de nossa pobreza espiritual. Deus continua despedindo vazios os ricos (Lc 1.53).
Como disse C. H. Spurgeon: “Para subirmos no reino é preciso rebaixarmo-nos em nós mesmos”.